sexta-feira, 28 de junho de 2019

Lina e Tarsila, por Walnice Nogueira Galvão



Duas grandes damas das artes brasileiras encontram-se reunidas no mesmo prédio do Masp, em mostras separadas: uma pintora (Tarsila Popular) e uma arquiteta (Lina Bo Bardi: Habitat).
26/06/2019

Lina e Tarsila

por Walnice Nogueira Galvão

Duas grandes damas das artes brasileiras encontram-se reunidas no mesmo prédio do Masp, em mostras separadas: uma pintora (Tarsila Popular) e uma arquiteta (Lina Bo Bardi: Habitat). Ambas são bem conhecidas do público paulistano, pois desenvolveram suas carreiras em São Paulo. E poucos poderiam disputar-lhes a palma, nesse altíssimo nível de realizações em que se colocam.

Tarsila dispensa apresentação enquanto musa suprema e pintora do Modernismo. A mostra privilegia a vertente popular de sua obra e sobretudo sua menos conhecida porém rica produção tardia. Tardia apenas no sentido de que é posterior a sua grande fase modernista e a seus três principais trabalhos tremendamente originais que são: A Negra, Abaporu e Antropofagia.

Essa fase que a exposição explora não é, como poderia parecer aos apressados, mais ingênua ou primitiva ou naîf – e não porque carregue em azul celeste e cor-de-rosa, nem porque escolha temas singelos. Não: seria acusar retrocesso numa pintora de tal sofisticação, com formação em Paris nos ateliês de Fernand Léger e André Lhote. Ao contrário, avançando em sua arte, Tarsila elabora motivos folclóricos e de arte popular à-vontade, tematizando a religiosidade e o carnaval, evocando a favela, o subúrbio, o meio rural, o interior. Nessa fase há laivos de um viés surrealista, imergindo no inconsciente, na infância vivida em fazenda, no lendário e no mitológico, nos tesouros negros e indígenas. Mas a tudo isso já acenara anteriormente em sua pintura, bem como nas majestosas figuras das três telas supracitadas.

Tarsila participou em posição central no Movimento Antropófago. Além das pinturas de maior porte, esboçava croquis minimalistas, notáveis pela depuração dos traços, e que podemos apreciar nas vinhetas dos livros de poesia de Oswald de Andrade. Na Revista de Antropofagia aparece em posição de destaque um desenho seu reproduzindo o Abaporu, o comedor de gente.

Quanto a Lina, italiana de nascimento, culta, educada na Itália, veio parar no Brasil no que seria uma aventura existencial para ambos, ela e o marido, Pietro Maria Bardi, posteriormente diretor do Masp por décadas. Transplantados e adaptados, seriam atuantes de proa na vida cultural do país.

Dela ficaram em São Paulo obras que são contribuições definitivas à fisionomia da cidade, como o prédio do Masp na Avenida Paulista, com o arrojo do vão livre que à época era um dos maiores do mundo e hoje é emblema da capital. Também foi a arquiteta do Sesc Pompéia, um modelo do gênero, servindo às expectativas de tornar-se um grande centro cultural. Essa foi uma das primeiras casas do Sesc, constituindo-se em farol e carro-chefe, à qual viriam agregar-se muitas outras, para nosso usufruto. Acrescente-se a Casa de Vidro, sua residência no Morumbi, por ela desenhada e edificada. E o Teatro Oficina, verdadeiro milagre de aproveitamento de um estreito lote urbano em zona antiga já apinhada de construções. Está completo o sinete de Lina na cidade. Ainda criaria a prestigiosa revista Habitat, que por muito tempo daria as cartas na decoração, no mobiliário e no design.

A exposição no Masp fala disso e fala de muitas coisas mais. Divide-se em três módulos: “O habitat de Lina Bo Bardi”, “Da Casa de Vidro à cabana” e “Repensando o museu”, todos eles contemplando diferentes facetas da obra da artista. Sem esquecer seu fecundo período de cinco anos na Bahia, onde restaurou o Solar do Unhão, no qual implantou o Museu de Arte Moderna e iniciou um Museu de Arte Popular, que não vingaria. Afora isso, criou em Salvador um círculo de fermentação artística e cultural a seu redor: Glauber Rocha foi um de seus discípulos. A experiência baiana de Lina seria amputada pelo golpe de 1964, que a destituiu de seus cargos. Atenta às lições de Gramsci, e recolhendo Brasil afora o artesanato mais característico e o mais inusitado, Lina inauguraria o Masp como curadora  da exposição “A mão do povo brasileiro”, em 1969 (reciclada em 2016 – ver GGN, 27.10.2016).

Goiás no Seculo do Cinema

Ao final, o link para leitura na íntegra

Goiâni a mist erios a e tic a q ue ele nu nca v iu em sua v ida, d esp erta e d ecid e q ue a ú nica m aneir a
de se libert ar, e rev ela r a tod os es sa c ida de int eri or, linda e p oder osa, é at r avés de um f ilm e.
Em 2 006, out ro diret or es tr eant e obt ev e des taq ue no c ená rio dos f estiv ais. O rla ndo L e mos
lanç ou An oniM ato”, r oteiriz ad o e co- dirigi do p o r Ge órg ia Cyn ara, d ocu ment ári o que trat a d as
cond ições pr ec árias de s aúd e, do des cas o do go vern o, da acult uraç ão co mo uma das f acet as da
educ açã o trazid a p elo bra nco e d as dif ic uldad es de c om unic açã o dos ín dios c om o mund o,
deco rrent es d esse proc ess o. O doc um entá rio ga nho u o p rêm io de Mel hor E diçã o no 29 º Festiv al
Guarn icê de Cin ema (j un ho de 200 6 São L uís /MA) e fo i s elec iona do p ara mostr as com pet itivas
nos se gu intes f estiv ais: I I F estiv al d e Cine ma d e País es de Lín gua Port ugu esa; 10 º Floria polis
Audiov is ual Mercos ul; II I Mov a C apar (ES) e 4t h Im agina ria Film Fes tival, I tália.
O Fest Cine Goiâ nia, c riado em 200 5 pel a Pref eit ura de Goi ânia at rav és da sua Sec r etar ia
de Cultura, t raz co mo difer enci al o Edit al que seleci on a ci nco r otei ros a s ere m p rod uzi dos e
exibi dos du rant e o c ert ame. É, se m d úvid a, u m i mporta nte es tím ulo à pr oduç ão a ud iovis ua l
goian a. E m 20 05, for a m realiz ad os os curt as Fac a Ceg a”, de Moz art Fialho J r., qu e mostr a u ma
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abus ivo d e dr og as quí mic as e c o m t raç as de e squiz ofr enia, br ig am p or c aus a d e u m c iga rro;
“Hist ória d a Mud anç a da Cap ital Es se M enin o é meu Av ô”, d e Pe dro O livei ra Le al, qu e narr a
várias f ac etas d a mud ança da ant iga c apit al d e Goi ás, Vila B oa, par a a mod er na Goi ân ia; Uma
Vez na Vid a”, d e Robn ey Bru no, que c onta as peri péci as de um g arot o e s uas te ntat ivas de v er
uma mulh er pe la da; “O Dono da P en a”, de Cláud ia Nun es, que m ostra u m poet a e m b usca de s i
mes mo, t ent ando ro mpe r as co rr entes do c otidi ano, e Corr a Corali na Corr a”, de Jo ão Nova es,
Ulian a Dua rte Alves e Pedr o N ova es, cuj a históri a gir a em t orn o de um a se nh ora and an do em su a
lamb reta pel a Ave ni da Cora Co ralina, e m G oiâ nia.
Ness a mesm a ediçã o do Fest Cine Goi âni a, duas anim açõ es cham ara m a atenç ão do
públic o. Carne S eca”, de Rica rd o Geo rg e d e Podes t á Martin, c onta a his ria da plant ão de
man dioc a de Xa nd ú, q ue na h or a d a c olheit a o d eu n enh um a cuí a d e fa rinha, e Sa pital is mo”,
de And Rodr ig ues, q ue q uesti on a o co ns umis mo at rav és d e pers ona ge ns infa ntis. O
docu me ntári o “Son ho Real U ma Hist óri a de Lut a po r Morad ia”, dirig id o pelo Co letivo de Cent ro
de Mídi a In de pend ente de Goi ân ia, so bre a oc up ação, por f amí lias e m bus ca d e mo radia, de á re a
aband on ada anos na c apit al, tam bém o p assou des perc ebid o.
Na ed ição de 2 00 6, cinc o nov os c urtas p ro duzi dos a pa rtir d o conc urs o de r oteir os s erão
exibi dos n o Fes t Cine Go iânia, que ac ont ec e de 13 a 20 d e nov e mbro, no Ci ne Goi âni a Ouro. Os
projet os a prov ad os s ão: “E gídio Turchi, Mestr e Soc rát ico”, de Mari a Elis a Franç a R och a;
“Raps ódi a do Abs urd o”, de Cláud ia Nunes Al meid a; “Aque les Tiros d e Doming o”, de Paul o
Henr ique M ace do; Esca da ria”, de Guilh er me Mend onç a de So uza, e Alé m d os O utdo ors”, d e
Caio Henri qu e S algad o B arb osa.
A M ostra F estC ine Goi âni a Ou ro, u ma ex te nsã o do F estC ine Goi âni a, r eal izad a de 21 d e
junho a 3 d e agost o de 20 06, tam bém marcou a est réia de algu ns realiz ado res. E ntre eles , Alyn e
Frat ari, que most r ou “H istóri as Q ue Mora m n o Merc ado’’, doc u ment ário s obre o M erca do C entr al
de Go iânia, u m lugar ch eio d e arom as, sa bo res, amiz ad es, so nh os de mul heres e ho mens que
const ruír am al i suas vidas . E Cels o A paríci o ( Mateba ), qu e mostro u e m seu e a Ru a”, c om o
atraves s ar u ma r ua não é um a t aref a t ão si mples qu anto parec e. Ta mbé m Nelso n Sa ntos
ressur giu c om nov a v ers ão de s eu “Anjo Bl ue”, on de m istura da nça e música para r etrat ar o
acid ente c om o c ési o 13 7.
* Beto Leão é jornalista, documentarista, r oteirista, cineclubista e pesquisador de
cinema desde 1977.




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